quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Devaneios De Um Português






São 12 e picos, só não me piro já daqui porque tenho deveres.
Hoje acordei um pouco revoltado com esta chatice toda.
Farto-me de dar volta à ervilhinha, para tentar por todos os
meios, pagar contas.
Fónix! Isto está pior que na idade média, ou nos tempos dos

meus avós...
Pelo menos nessa altura, a alimentação era produzida por nós,

ou se trabalhava ou não se comia.
Hoje, paga-se vassalagem ao estado, a “riqueza” que se possui

é toda virtual, de plástico. Come-se porcarias, talvez legumes
regados com efluentes, pintos que se maturam em frangos no
espaço de dois dias, etc...
Adoro ter dinheiro. Sou um lutador. Talvez ambicioso...
Mas aquilo que mais me incomoda, apesar do facto de esburacar

todos os dias, ter os impostos imaculados, contribuir para a
riqueza do país, ou melhor, ajudar este Povo que tanto amo,
é a frustração de pensar: para quê ???
Que benefícios (gosto de pensar que é um dever cívico contribuir,
sem esperar gratidão de ninguém) obtenho eu pela conduta exemplar???
A frustração de não poder dar um PC novo ao miúdo, pois perco

tudo em impostos.
A frustração de pensar que não poderei pagar-lhe propinas,

privando-o de intlectualidade ou conhecimento...
A frustração de não poder viajar 350 km, para rever a familia,

pois o valor das portagens é igual ao combustível, que por sua vez
já tem impostos.
Impostos, impostos, impostos...
E os Doutores e Engenheiros, cuja exemplaridade ética lhes seria
inerente, auferindo mil mordomias, sugando vilmente este estúpido
Povo, banqueteiam-se em festins dignos de Baco...
É uma estupidez, detesto ser considerado estúpido, talvez como o
alcoólico teima em reconhecer que não o é.
Sabem?... É nestes dias que sofro de um autismo tal, que só me

dá vontade de me refugiar no alto de um monte, contemplar
vagamente o horizonte e perder-me nele.
Sim, como se viajasse pelas nuvens, entorpecido por uma
toxicodepência de luz, isolar-me deste mundo idiota...
No entanto, o medo da frustração ao acordar para a realidade,
aterroriza-me.
Porque é que esta incómoda frustração me persegue…?
Será que nunca me sentirei realizado?

- Fonte: R. F. -